Coronavírus em cães e gatos

Os nossos cães e gatos podem ser infetados com coronavírus?

A Associação Mundial de Veterinários de Pequenos Animais (World Small Animal Veterinary Association) emitiu um comunicado sobre a relação entre o COVID-19 e os nossos patudos.

 

Coronavírus em cães e gatos

 

CORONAVÍRUS. O QUE É?


Os coronavírus constituem uma vasta família de vírus, os quais podem causar doenças em seres humanos e animais.

A maior parte dos coronavírus não são zoonoses. Significa que não são transmitidos entre espécies, como por exemplo, entre donos e os seus animais de estimação.

Nos humanos, os coronavírus mais frequentes estão associados a infeções do trato respiratório, vulgarmente reconhecidos como síndromes gripais.

 

O QUE É O CORONAVÍRUS-19 OU COVID-19?


A doença do coronavírus 2019 ou “COVID-19” consiste numa infeção propagada pela mais recente estirpe de coronavírus, designada por “Coronavírus 2 do Síndrome Respiratório Agudo Grave” ou “SARS-CoV-2”.

Embora este vírus esteja geneticamente relacionado com o “SARS-CoV” (Coronavírus do Síndrome Respiratório Agudo Grave) verificado na Ásia, entre 2002-2003, não é o mesmo vírus.

Destacamos que, por ser uma nova estirpe, as informações estão constantemente em atualização.

 

COMO SE PROPAGA?


Ainda não é conhecida a forma como o vírus se desenvolveu e/ou foi transmitido ao Homem.

Sabe-se, contudo, que a transmissão entre seres humanos, ocorre através de partículas associadas à tosse e à expetoração de uma pessoa infetada, bem como através do contacto com superfícies e/ou objetos contaminados.

Destacamos que a transmissão entre pessoas ocorre antes do início de doença e que este vírus pode sobreviver em superfícies por várias horas.

 

CORONAVÍRUS EM CÃES E GATOS


Coronavírus em cães e gatos

 

Existe efetivamente coronavírus em cães e em gatos.

Contudo, como previamente indicámos, nada tem a ver com o SARS-CoV-2.

 

 Coronavírus em Cães

 

No caso do nosso melhor amigo, o coronavírus canino está associado a alterações gastrointestinais.

Este vírus tem um período de vida limitado. Contudo, pode provocar uma infeção aguda e autolimitante, caracterizada por desconforto abdominal durante alguns dias.

 

Formas de transmissão: fecal e oro-nasal.

A transmissão do coronavírus canino ocorre através do contacto fecal e oro-nasal (de fezes naturalmente infetadas).

De acordo com a VCA Animal Hospitals, uma cadeia de hospitais veterinários nos EUA e Canadá, um cão pode ser portador do vírus até um período de 6 meses após a infeção inicial.

 

Sinais Clínicos:

– Diarreia;

– Vómitos;

– Febre;

– Letargia;

– Diminuição do apetite.

 

Tratamento:

Não existe tratamento específico para o coronavírus canino. É fundamentalmente sintomático.

Não estranhe se o seu veterinário prescrever antibióticos. Embora sejam ineficazes contra vírus, podem ser fundamentais no controlo de infeções secundárias.

A VCA Animal Hospitals indica que retirar a comida durante 24 horas após a diarreia, seguida de uma reintrodução de pequenas quantidades parece ser o tratamento adequado.

No caso de um cão desidratado, fluídos intravenosos poderão também ser necessários.

 

Prevenção:

Por não existir tratamento específico, a prevenção assume um papel imprescindível.

Assim, garanta uma higiene rigorosa de todos os objetos do seu patudo e a vacinação deste em dia.

O aporte nutricional, com uma alimentação mais rica em função das necessidades do seu cão pode ajudar o sistema imunitário. Informe-se com o seu veterinário qual a alimentação mais adequada para o seu melhor amigo.

 

Coronavírus em Gatos

 

O coronavírus felino está associado a alterações respiratórias e gastrointestinais que podem conduzir à PIF (Peritonite Infeciosa Felina).

É caracterizado por dois biótipos: o Coronavírus Felino Entérico (FECV) e o Vírus da Peritonite Infeciosa Felina (FIPV). Ambos podem levar à PIF (Barros, 2014).

Este vírus está associado a: a) “infeções assintomáticas; b) infeções que resultam em alterações gastrointestinais autolimitantes ou de gravidade moderada” (Centro de Recolha Oficial de Tavira – Canil e Gatil Municipal, 2018)

A maior parte dos gatos é resistente e apenas portador deste vírus, não desenvolvendo a doença. Efetivamente, Chang (2012) referiu que apenas 5% dos gatos portadores do vírus desenvolvem PIF.

O grande perigo reside na capacidade de mutação do vírus, que pode levar à doença. Esta é caracterizada por uma rápida progressão e por ser, muitas vezes, fatal.

Uma resposta imunitária anormal também pode conduzir à PIF. Significa que, um gato com um sistema imunitário mais frágil (por inúmeras razões), pode desenvolver a doença.

 

Formas de transmissão: fecal e oro-nasal.

A transmissão da PIF ocorre através da ingestão do coronavírus presente nas fezes de gatos contaminados ou de uma mãe para os seus bebés durante a gestação e/ou amamentação.

A maioria dos felinos não apresenta sinais de doença após a infeção inicial, podendo desenvolver sintomas semanas, meses ou anos mais tarde.

 

Sinais Clínicos:

– Febre;

– Diminuição do apetite;

– Vómito;

– Diarreia;

– Perda de peso, podendo levar a anorexia;

– Letargia e depressão;

– Lesões nos olhos ou sistema nervoso.

 

Tratamento:

Por ser uma doença incurável, o tratamento é sintomático e à base anti-inflamatórios e estimulantes do apetite/suporte nutricional.

 

Prevenção:

Em Portugal, não existe vacina disponível para o PIF.

A nível de prevenção, a maneira mais eficaz para proteger o seu gato é garantir uma higiene rigorosa, nomeadamente com os pratos de comida, caixas de areia e áreas adjacentes.

Em caso de lares com mais gatos, impedir o contacto direto com um gato positivo para o coronavírus felino é essencial.

 

COVID-19 EM CÃES E GATOS


Coronavírus em cães e gatos

 

Até à data, não há evidência de que os nossos cães e gatos possam ser infetados e/ou propagar o vírus associado a esta infeção.

 

O meu animal de estimação pode apanhar COVID-19?

De acordo com as informações atuais, não.

Ao que se apurou até ao momento, o seu animal de estimação não pode desenvolver a COVID-19 nem disseminar o vírus a outras espécies.

 

E o caso do cão de Hong Kong?

Efetivamente houve um cão em Hong Kong que acusou positivo à estirpe em questão. Contudo, importa realçar que foi um positivo fraco e que o patudo não desenvolveu sintomas da doença.

A sua dona, pelo contrário, acusou positivo ao COVID-19 e desenvolveu sintomas.

Poderá ter havido contaminação do próprio ambiente? Não sabemos.

O que se sabe é que, até ao momento, não há qualquer relação entre este coronavírus e os nossos patudos (cães e gatos).

 

Que cuidados devo ter com o meu animal de estimação?

Embora não haja evidência de uma relação entre a COVID-19 e os nossos melhores amigos, devemos manter algumas medidas de precaução.

O CDC (Centers for Disease Control and Prevention) indica que, em caso de infeção, os cuidados devem ser semelhantes aos que teria se viver apenas com outras pessoas.

Segundo Francisco Antunes, professor catedrático da Faculdade de Medicina de Lisboa e citado pela Veterinária Atual:

“Impedir a transmissão de uma virose aos animais é sensato, tratando os animais como membros da família, limitando o contacto, usando máscara e lavando as mãos com frequência”.

Relativamente ao contacto com os seus patudos, deve evitar festas ou carícias, beijos ou partilha de alimentos. Se precisar de cuidar do seu amigo enquanto estiver infetado, lave as mãos antes e depois da interação e use uma máscara facial.

 

Coronavírus em cães e gatos

 

O que devemos então saber sobre o COVID-19 e os nossos patudos?

Os coronavírus constituem uma vasta família de vírus.

Os coronavírus humanos apenas afetam os humanos.

O coronavírus felino apenas afeta os gatos.

O coronavírus canino apenas afeta os cães.

 

Assim:

 

– Não existem evidências de que os nossos amigos de quatro patas podem ser infetados ou transmitir o vírus da COVID-19;

– O coronavírus felino não é igual ao coronavírus humano e a PIF não é uma zoonose (transmissível aos seres humanos);

– O coronavírus canino não é igual ao coronavírus humano e, à semelhança do felino, não se transmite ao Homem.

 

Independentemente de tudo, mantenha alguns cuidados de prevenção: limite o contacto com outros (pessoas e animais) e lave as mãos com frequência.

 

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